Ontem, fui visitar uma amiga que cuida de um pai idoso com demência. Fiquei sem jeito ao ver como ela tratava o pai idoso: sem nenhuma paciência e falando com ele aos gritos. Tentei argumentar com ela que não era daquela maneira que ela deveria tratá-lo, entretanto, ela me olhou meio enviesada e disse que com ele só daquele jeito. Tentei mais uma vez falar com ela, mas estava extremamente exaltada e não queria ouvir ninguém.
O senhor, envergonhado, ficou transtornado começou a gaguejar, abaixou os olhos sem saber exatamente o que fazer, parecia sentir um misto de vergonha e de pavor!
Vendo que não tinha como argumentar, resolvi falar sobre outro assunto e tentar mudar o foco, pois, seria mais triste, para aquele Senhor, ficar ouvindo pessoas debatendo sobre, se ela estava certa ou errada e, ele pelo visto já não aguentava mais ser tratado daquele jeito!
Ao retornar, fiquei pensando que certos cuidadores, mesmo querendo, não conseguem ter um amor capaz de cuidar com zelo e com cuidado necessários
O pior de tudo é que esses cuidadores acabam adoecendo porque estão fazendo contra sua vontade aquilo que não gostariam de estar fazendo!
Vi, no olhar daquele Senhor e, também, no olhar da sua cuidadora grande tristeza, grandes sacrifícios de um estar com o outro!
É uma situação triste, mas muito usual, na sociedade em que estamos, onde, as pessoas ainda não estão preparadas para cuidar dos seus idosos com problemas demenciais!
Esse, acaba se tornando um grande problema de saúde pública tanto para o cuidador, quanto para quem por ele é cuidado!
Grupos de autoajuda para familiares poderiam ser a solução mas existem pessoas que não aceitam que estão com algum problema e aí está o grande problema de todos: como tratar alguém que não acha que preciso de tratamento?
Foto by Lory |